11.6.10

ao que não é espera
















Não há nada de novo neste acto. Não há cigarros significativos, nem resfolgares tardios de razão. Esperar-te é querenar o desejo de esconder nos meus braços as amarguras de um dia. É saber-te perto, querer-te perto, ansiar-te perto. É ter o privilégio de guardar tempo apenas para imaginar-te a descer a rua, ergueres os óculos, acarinhares a cidade. Destina-se a ti, não é espera. É vontade de te receber depois de um dia como este.

Daqui a pouco, num suspiro, vais entrar no carro para devolveres ao meu olho direito as faúlhas que hoje tardaste em desviar. Só vou fechar os olhos quando te estender um embrulho e escutar - "para mim?". Só vou fechar os olhos quando, baixinho, me disseres: "vamos para casa". 

adivinha



... ouvindo a repetição das sentenças da donzela Teodora, que enumerava os rigores da mulher perfeita

- larga em três sítios, estreita em três sítios, branca em três sítios, negra em três sítios, alta em três sítios, pequena em três sítios.

A Sibila [1954]
Agustina Bessa-Luís

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