Homossexuais no Estado Novo
São José Almeida
"Almeida traça a história da homossexualidade em Portugal entre 1912 (ano da Lei sobre a Mendicidade) e 1982, quando entra em vigor o novo Código Penal (de que foram eliminados os artigos 70º e 71º, referentes àqueles que "se entreguem habitualmente à pratica de vícios contra a natureza"). A autora mostra como a homossexualidade é a "sexualidade transgressora numa sociedade patriarcal", sublinhando dois eixos no contexto português: um referente à "diferença de classe social, a diversidade de tratamento para quem é das elites e das aristocracias do regime e para quem é do povo"; e outro relacionado com os não-ditos, os silenciamentos, a "inexistência de uma identidade" que permita uma noção de comunidade, "partilha de grupo", comum durante estes anos. Ouvindo um número considerável de testemunhas que contam, em primeira mão, as suas experiências vividas sob a ditadura, São José Almeida demonstra os dois pesos e as duas medidas do regime relativamente aos homossexuais (das elites e das classes baixas), tendo em conta como a "repressão e a exclusão social a que estavam votados no Estado Novo levavam a que a sua vivência - em que a sexualidade ocupa um lugar central, como em todas as pessoas - fosse relegada para uma semi-clandestinidade, uma espécie de submundo, muitas vezes identificados como os 'bas-fonds' e o crime."'
O terceiro sexo de Juchitán
Alexandra Lucas Coelho, em Juchitán
Foto: Um Shaul Schwarz/Corbis |
Um santo vinha com um saco cheio de gays, a distribuí-los por vários lugares. Em Juchitán o saco rasgou-se, eles caíram e ficaram todos ali. Esta é a lenda da cidade onde os gays são uma instituição, uma bênção e uma festa. Mas a violência está a chegar.
in Público, 09.08.2010
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