20.12.07

Ciclos



Nas estações de comboios corre um mundo de despedidas. Uma mão que acena, um casal que se abraça, um beijo quente ou uma face sem vida.

As estações de comboios fecham ciclos. No fim da linha há o destino. No comboio, nunca se sabe o frio que está lá fora ou o olhar que nos vai receber.

Eu passo muito tempo em estações de comboios. Habituei-me a observar correrias desenfreadas e as expressões esgotadas do princípio e do fim do dia. Continuo sem perceber o frio que está atrás da porta.

Ponho já o cach
ecol? Guardo as luvas?





O professor Vidinha orienta-se pelo nascimento das magnólias nos Clérigos. Sabe que quando elas florescem tem de aproveitar o tempo porque se aproxima o fim do semestre.

Eu não tenho magnólias para me dizerem que o tempo escasseia.

Hoje fechou-se um ciclo. Ressuscitei conversas envoltas numa nostalgia de dois anos e meio de faculdade.

Não queria ter de...

Queria dizer "até amanhã".
Queria que aquela folha de
presenças não fosse tão amargurada.
Queria continuar... acho.

Não queria ter de escolher.
Aproxima-se o estágio.
E eu recuso-me a
crescer


3.12.07

Amanhã @ Braga

You.make.me.wanna.measure.stars.in.the.backyard.with.a.calculator.and.a.ruler.baby.
I.found.a.letter.that.describes.how.the.moonlight.will.lead.me.to.a.distant.place.that.
you.will.be

(
Stars, Au Revoir Simone)


funny pictures
moar funny pictures

P.s. A minha nova sobrinha que nasce dentro de 5 meses vai-se chamar Simone. Que giro.

30.11.07

Puxando a brasa à minha sardinha...

Novo programa JPR. Autoria: Eu + Joana Coimbra. Nome: Plug-Indie. Recomendação: OUÇAM!

27.10.07

"A voz, na rádio, é tudo o que temos; sendo tudo, fazemos daquela voz também a pessoa toda"


"Ela era uma mulher jovem, franzina, de olhos escuros e muito brilhantes, límpidos. Guardava no rosto traços de menina, sobretudo quando ria com aquele riso claro e inocente. O cabelo era preto, curso e liso, sedoso, com duas pontinhas viradas para a frente nos dois lados do rosto. O nariz pequeno e arredondado, os lábios não muito grossos, bem desenhados, com um suavíssimo toque de bâton quase incolor. Vestia simples mas elegante, túnicas, blusas claras e discretamente coloridas. A voz era uma voz agradável, amigável, risonha também, daquelas que dão vontade de conversa.
Eu sabia isto tudo dela e, no entanto, nunca a tinha visto. Seria capaz de a reconhecer se a visse assim, na rua, tão certo estava (estaria?...) de que ela era como eu "sabia" que era. Mas eu só a conhecia de a ouvir, não de a ver. Ela era, para mim, uma voz da rádio que me habituara a escutar com regularidade num programa matinal, durante as viagens de carro a caminho do trabalho. De tanto a ouvir, e só a partir da sua voz, fui imaginando como ela seria, dei-lhe um rosto, feições, cabelo, olhos, tudo. É algo que faço por vezes, é uma maneira de tornar real, palpável, inteira, uma pessoa de quem só conheço a voz e que, por qualquer razão, ouço frequentemente. Imagino-a só a partir da voz e, a partir daí, sempre que a ouço também de algum modo a "vejo".
Há dias, ela apareceu num programa de televisão. Eu não estava a olhar no momento, mas ouvi a voz e reconheci-a de imediato. Olhei, então, para a ver como eu "sabia" que ela era. Mas não era nada como eu sabia! Nada, nada, nada... Era loura, tinha os cabelos compridos, os lábios mais grossos do que a imaginara, a silhueta diferente, os olhos muito mais pintados do que eu "via", até o sorriso, esse sorriso que eu conhecia tão bem, parecia diferente quando saído daquela mulher agora em carne e osso. Só a voz se mantinha tal e qual. Foi uma surpresa... De tal modo que no dia seguinte, quando voltei a "encontrá-la" no programa matinal de rádio, nem sabia bem o que fazer: se continuar a "ver" aquela que eu imaginara desde sempre (mas já não era muito capaz...), se dar um novo corpo e uma nova imagem (os seus reais, afinal) àquela voz tão familiar e, de repente, também algo estranha.
Dei comigo a pensar como este é, e continua a ser, um dos lados sedutores da rádio, um lado de magia. A rádio leva-nos frequentemente a criar laços de grande familiaridade com pessoas que são, para nós, sobretudo uma voz. Mas a voz, na rádio, é tudo o que temos; sendo tudo, fazemos daquela voz também a pessoa toda. Imaginamo-la, criamo-la, desenhamo-la em função sabe-se lá de quê, em função do seu tom, do timbre, dos seus trejeitos, do modo de falar, do seu jeito de rir, se calhar do que queremos que seja. E sonhamos, criamos uma pessoa inteira com quem convivemos durante pedaços do nosso dia. E deixa de ser importante, para nós, se ela é parecida com o que imaginamos ou nem pouco mais ou menos. O modo como ela se faz presente para nós é pela voz, e pela voz toda ela se recria, toda ela vive. Neste sentido, o rádio é mais "caixa mágica" do que a própria televisão".

Figaldo, Joaquim, "Vozes da Rádio", Público, 24 de Outubro 2007


Um brilhante artigo sobre aquilo que a rádio pode ser para o espectador: imaginação.

22.10.07

11.10.07

"Tinha a morte dentro de mim. E é horrível estar grávido da morte."

"Não há nada de mais horrível do que a cobardia. Compreendi a frase do Hemingway,
quando quiseram saber o que é que ele achava da morte e a resposta foi: «Outra puta.»
Porque a morte é sempre uma puta e, a uma puta, não se pode dar confiança.
Uma amiga, que é minha médica, disse-me:
«Tens que aprender a viver com isto.» Não, não tenho.
Não tenho de viver com um filho da puta. Eu não vivo
com um cabrão, quero destruí-lo, não quero viver com ele."

"Agora, apenas sinto mais admiração por aquilo a que chamam pessoas comuns. Não existem pessoas comuns. Se temos a arte de fazer com que a alma do outro se abra, então, todas as pessoas são incomuns. Há uma riqueza extrema dentro de cada um de nós. É como nos livros. Ou sabemos tocar no mistério das coisas e, neste caso, o livro é bom. Ou não sabemos tocar no mistério das coisas e, pelo contrário, o livro é mau.
Se Deus quiser, hei-de escrever mais alguns livros."

7.10.07

Se aquela rua fosse minha...

Se aquela rua fosse minha...

Ver a Baixa repleta de gente é comovente.
Logo, uma iniciativa como esta só pode ser de louvar.
No entanto, penso que tudo poderia ter sido melhor aproveitado.
Esperemos que, para o ano, com mais financiamento, este dia se torne
um marco cultural na cidade Invicta.
E viva o Almirante Cândido dos Reis.

3.10.07

Paulo Ribeiro num universo masculino

(foto: JPN)

Numa conversa entre homens, futebol é um dos temas mais esperados. Em Masculine, ainda o espectáculo não começou, ainda o público não se sentou, e já as quatro personagens estão em palco: recebem o público com uns ‘toques na bola’. Exercícios de aquecimento?! “É mais uma ironia… talvez demasiado óbvia!”, afirma Paulo Ribeiro, o autor desta viagem pelo universo masculino.
Este mundo é um cruzamento de ritmos e estilos. Textos de Fernando Pessoa entrelaçam-se com histórias pessoais, poemas declamados vivem no timbre das canções, corpos que dançam Bolero num duelo improvisado entre Ravel e Zappa. É um palco onde tudo pode acontecer.

Paulo Ribeiro confiou esta missão a três dançarinos - Peter Michael, Romulus Neagu e Romeu Runa- e a um actor – Miguel Borges. Uma escolha propositada para uma peça em que os textos tinham de ter outra vocalização. No entanto, neste “espaço de liberdade” há muitos géneros a desenvolverem-se e, por vezes, a dança surge em segundo plano. Há o risco da atenção do espectador ficar retida no humor cúmplice de cada gesto dos intérpretes.
Neste limiar permanecem as vontades dos dançarinos-actores. Entre as gargalhadas do público, percebe-se que é desta forma que se constroem novos caminhos artísticos e se prevê o futuro. No final, há a bola que, do céu, cai no palco. “Tem a ver com esta questão dos ciclos… o de passar a bola e continuar”.


Este mês, no JUP: um dos trabalhos que mais gostei de fazer desde sempre.

25.9.07

À Paula Rego



Porque todas as homenagens lhe devem ser feitas... em vida.

23.9.07

Silencias-me nas noites


Silencias-me nas noites.
Naquelas em que fico acordada a desenhar-te com pensamentos.
Noites em que nem sempre sei o que dizer quando te olho.
Noites em que o silêncio é a melhor palavra. O silêncio que diz tudo.
Basta o silêncio.
Reconheço que as linhas que recorto do teu rosto não são reais.
Talvez se aproximem vagamente da realidade.
- A beleza nunca é real. É sempre produto subjectivo dos sentidos. -
E aquela vontade de te saber de cor.
Fecho a porta e espreito pela fechadura.
A timidez inicial continua, passado tanto tempo.
O desejo é subentendido; torna-se incomensurável.
No fim, vão ser duas mãos entrelaçadas, no encalço dos sorrisos opostos.
Os meus lábios com a tua impressão digital.
Páginas de um diário de bordo em construção.

16.9.07

do you want me?



and you stand here into your house
and none of us knows how to write
the magic of the crashing stars
of love
and you're bleeding

(Tender Forever)


17.7.07

9.7.07

13º Superbock Superock - O Rescaldo (em poucas palavras)

Surpresas

The Magic Numbers
Como eu gostei de ouvi-los! Não os conhecia, embora andasse curiosa
há uns tempos. Adorei. São óptimos em palco e a música tem
uma melodia que faz sorrir, naturalmente. Embalaram
e adoçaram a noite. Foi dos melhores concertos do festival.
E, automaticamente, dispararam para a minha playlist.
O álbum Those The Brokes é das coisas mais bonitas que
ouvi ultimamente. A sensação que tive à saída do concerto foi
a mesma de quando saí do grande espectáculo que os Arcade Fire
deram em Paredes de Coura. Acho q
ue isso diz tudo.
A ouvir, ali ao lado ->



Arcade Fire
Depois de os ter visto em Paredes, aguardava este concerto com expectativas
muito altas. Eles conseguiram satisfazê-las. Agora já não são eles os seus
próprios roadies e já têm um palco com artifícios bonitos como pequenos
écrans redondos e uma fachada solene de um órgão de Igreja.
Tudo neles transpira música. Uma música que é vista como solene,
como um bem maior, como algo mágico.
Foi pena o concerto ter começado com 15 minutos de atraso e ter
terminado a horas. Maldita organização e os seus horários-à-inglesa.


Linda Martini
Já os tinha visto umas três vezes, mas desta vez surpreenderam-me.
A qualidade do baterista é inegável e, finalmente, ouvi a voz do vocalista sem ter de me esforçar muito. Grande alinhamento e boa energia.



Maxïmo Park
Outros que não conhecia e que me conquistaram. Ainda não
ouvi bem o cd, logo não posso dizer muito. Mas à
primeira audição acho que posso dizer que foi o vocalista
que me prendeu. Grande presença em palco e voz limpa
mesmo quando corria o palco de uma ponta
à outra. Além disso, chapéus de côco recomendam-se!
E aquele tom assemelha-se, ligeiramente, ao Morrissey
na época dos Smiths. Ou sou eu que estou
a imaginar coisas.


LCD SoundsystemSó gostava de ter estado um pouquinho
mais viva para ter aproveitado o concerto ao máximo.
Aquela 'Yeah Yeah Yeah' foi dos melhores
momentos do festival. Foi pena ter en
cerrado
com uma música deprimente, cujo refrão me
acompanhou o resto do festival todo
"New York I love you, but you bring me down"
adaptado a "Sacavenense I love you, but you bring me down"



The GossipAh! Uma das grandes razões de eu ter ido.
Sabia que ia ver um grande concerto e não me enganei.
Beth Ditto <3>



Scissor Sisters
(foto gentilmente roubada ao _nowadays_ que,
por sua vez, gentilmente a retirou daqui)


Além do Jack ter mostrado o rabinho, o concerto
valeu por mais que isso. Foi contagiante do
princípio ao fim. Eles são muito bons ao vivo e
aquela Tits on the Radio ainda me ressoa no ouvido.
Foi perna ter sido quase derrubada por um menino
que quase se matava pela toalha semi-transpirada do vocalista -_-



Entre parêntesis

Tv On The Radio

A Wolf Like Me ao vivo é mágica. A Province é um
hino. Mas ainda não sei se gostei, verdadeiramente, do
concerto. Eles têm um poder instrumental único e
vocalizações inesquecíveis. Mas talvez estivesse
à espera de mais... Ainda não sei.



Interpol
Em algumas bandas existe uma mística silenciosa
que assenta que nem uma luva. A questão é quando esse
silêncio se pode tornar desconfortável. Penso que pode
ter acontecido um pouco disso com os Interpol. Senti-os
distantes bastantes vezes. No entanto, três vivas
à mestria com que agarram as guitarras e constroem
músicas intemporais.



Decepções

De Klaxons só conhecia o(s) singlezito(s) e odiei o concerto. É verdade que não estava muito atenta mas eles não me disseram nada. Todos de negro, mal se mexiam, confundiam-se com o palco preto. Não puxaram pelo público e a voz do vocalista ao vivo enjoa-me. Sonzinho-wannabe-punk-de-ouvir-na-rádio.
Estava muito curiosa para ver Mundo Cão. Qualquer projecto que tenha a pena mágica do Adolfo Luxúria Canibal cativa-me. Parece-me que eles se resumem, apenas, a grandes letras. Não é que o concerto tenha sido mau... Mas eles precisam de crescer em palco.

Estádio do Sacavenense

Se o Superbock quer-se tornar uma referência dentro do seio dos
festivais de verão tem de começar a pensar,
urgentemente, num novo parque de campismo.
Um campo de futebol, por muito cómico que possa ser,
não é um local para acampar. A partir das 9h da manhã são poucos
os que se mantêm acordados com o calor que se sente dentro
da tenda. No primeiro dia fiquei com falta de ar.
Do meu grupo, quase todos fomos vítimas de escaldões
(e eu pus protector) e de más-disposições estranhas. Ao menos
umas sombrinhas artificiais, não?
E balneários onde só podem tomar banho 5 meninas
ao mesmo tempo e sem água quente é penoso. Acordar com a fábrica
do Skip à frente também não é propriamente confortável.
Mesmo quando "É bom sujar-se".
E já que estou a pedir muito:
Seguranças bêbados não dão
segurança.


(Todas as fotos daqui, menos aquela do rabinho do Jake)


1.7.07

Do mundo... o resto


"Nenhum relato de um sonho pode transmitir a sensação de sonho: o misto de absurdo, surpresa, espanto.
Aquela sensação de se estar prisioneiro do inacreditável
a
verdadeira essência dos sonhos."

Joseph Conrad, Heart of Darkness

Não foi sonho aquilo que vimos.
Na passada quinta-feira embarquei numa viagem teatral, em resquícios do FITEI. Sabia que o que nos esperava seria algo invulgar. Dois actores, três espectadores, um táxi em andamento pelas mais variadas ruas do Porto. Numa reportagem dizia-se que eram ruas escuras e algo duvidosas. Entrei no táxi num misto de apreensão e desejo. Desconhecia quem era aquele gentil senhor que me ladeava mas encontrei conforto numa outra impressão digital. Senti as minhas costas acomodadas nos estofos confortáveis daquele Mercedes-em-forma-de-taxi e esperei.
O cigarro terminou, ele entrou de expressão fechada. As imitações transparentes dos Ray-ban pareciam-lhe dar o perfil de taxista pretendido. Mas não somente. Enquanto arranjava as mangas da camisa ouvia-se:

Bem vindo ao Resto do Mundo! Este espectáculo consiste num percurso com a duração de uma hora
e decorre nas ruas da cidade do Porto. Por razões de segurança é expressamente proibido registar
qualquer tipo de imagens ou sons durante o percurso. Não abra as janelas do automóvel. Não abra as
portas do automóvel. Não abandone o automóvel a não ser numa situação de emergência. Fora do
automóvel não nos podemos responsabilizar pela sua segurança. Vamos dar início ao espectáculo.
Por favor coloque o cinto de segurança. Por favor desligue o seu telemóvel. Boa viagem!”


Outro misto de surpresa, espelhado no meu sorriso nervoso. Arrancámos. Vimos os Aliados a ficar para trás e tentei adivinhar o caminho. Sem sucesso. Até que começou. Falou-nos de um homem do mar com o dom da palavra e histórias sem fim. Um homem como poucos, talvez. Já quando esses pensamentos se cruzavam com nostalgia e a nossa ânsia de saber quem seria esse homem roçava o insuportável, eis que...

"Calma. O que é preciso é calma."

Disseram uns novos olhos azuis, que não se desviavam das nossas órbitas. Era Marlow e falou-nos de Kurz e das suas histórias errantes por noites negras e tribos violentas. Histórias fantásticas, enfeitadas de mistério que seguiam a mestria de Joseph Conrad.
Marlow partiu de uma recordação de um taxista para se fazer nosso presente.
Foi nesse presente que já se fez passado que vimos... Conhecemos um Porto escondido, um Porto apagado. Um Porto onde a luz não chega, onde o Douro não corre, onde o que escorre não é Vinho do Porto. Onde o sotaque nortenho não se ouve... Antes um silêncio que se sente à medida que te moves.

"Em O Resto do Mundo atravessamos a zona oriental do Porto, onde se cruzam autoestradas e
quintais, bairros sociais degradados e amplas alamedas arborizadas. No Azevedo, a cidade para lá da
circunvalação, zona rural que ninguém acredita que seja ainda Concelho do Porto, tropeçamos em
hortas e caminhos de terra batida. Muitas das portas das casas escondem ilhas sem as mínimas
condições de habitabilidade. Praticamente não há transportes nem emprego.
As vias rápidas da cidade

funcionam aqui literalmente como muros; não há quaisquer acessos. Nos Bairros do Lagarteiro, do
Cerco do Porto e de São João de Deus encontramos um quotidiano marcado pelo desemprego e
abandono escolar e ainda pelo consumo e tráfico de droga.
São centenas de famílias em urbanizações construídas como guetos,
por onde o resto da cidade nunca passa. Em São João de Deus os prédios semi-demolidos
desenham um cenário de guerra a 5 minutos das luzes da Avenida Fernão de
Magalhães e da novíssima centralidade do Dolce Vita e do Dragão."

Senti que aquela janela do Táxi era a única coisa que me separava deles. Dei razão a Rosseau e uma frase ecoou...

"O homem é naturalmente bom,
a sociedade é que o corrompe."

Não foi sonho o que vimos. Foi uma realidade, na qual tivemos a sorte de não nascer. Ali vivem pessoas em prédios sem luz, onde as portas e as janelas estão vedadas com tijolos. No escuro, distinguem-se sombras de pessoas, vê-se movimento, lê-se nas entrelinhas.

No fim, caminhamos e discutimos a verdadeira realidade. Viste-nos como insensíveis, eu como indiferentes. Porque, apesar de tudo, continuámos a olhar para aquele mundo com um vidro de táxi a separar-nos. Hoje penso que o mundo nos torna indiferentes, ou antes, impotentes.
O que é certo é que a morte, a pobreza, a guerra não se encontram apenas em África ou no Líbano. Estão à nossa porta...
Esta não foi apenas a melhor peça que eu vi por ter escapado de todo o lugar-comum (salvo seja) do teatro. Fez-me lembrar de uma parte de mim que eu julgava esquecida.

"Quem faz este percurso não acredita que está no Porto. Quem por aqui morta também não. Quando saem do seu bairro as pessoas dizem "vou ao Porto". Mas o Porto nunca vem a estes bairros. A cidade ignora-os. A cidade tem medo deles. Um dia o medo e a ignorância vão engolir-nos a todos"

O Resto do Mundo, uma criação Visões Úteis

24.6.07

Ora, então, os resultados...

What's My Name, Dj Earworm

  • Ace of Base - All That She Wants
  • Mamas and the Papas - California Dreaming
  • Brandy & Monica - The Boy is Mine
  • Aaliyah - Try Again
  • Britney Spears - Oops, I did it again
  • Beyonce - Naughty Girl
  • Donna Summer - I Feel Love
  • Maroon 5 - This Love
  • Eminem - My Name Is
  • Alicia Keys - U Don't Know My Name
  • Destiny's Child - Say My Name
  • Snoop Dogg - Who Am I (What's My Name)
  • DMX - What's My Name
  • The Who - Who Are You
  • Madison Avenue - Who The Hell Are You
  • Eurythmics - Who's That Girl
  • Peter Gabriel - I Don't Remember
  • Irene Cara - Fame
  • Kanye West - The New Workout Plan
  • Lynyrd Skynyrd - What's Your Name
  • Jason Mraz - Eyes Open (Remember My Name)
  • Phil Collins - Take Me Home
E podem ver mais coisinhas do senhor aqui.

13.6.07

Desafio Musical

Fica aqui o desafio. Este mash-up é praticamente um recorde mundial. Engloba 22 músicas! Quantas identificas?




(Vá, quero interactividade! Dentro em breve divulgo os resultados. Btw, Mafalda is love <3)

30.5.07

The Pin Cushion Queen


Life isn't easy
for the Pin Cushion Queen.
When she sits alone on her throne
Pins push through her spleen.

(Tim Burton)


Há tanta coisa à minha volta que eu não tenho tempo de absorver tudo.
Deste modo, abstraio-me de palavras. Espero voltar a tê-las para a semana, data em que este semestre termina (*amen*).

Entretanto...

- FITEI
- Serralves em Festa
- Feira do Livro
- Cibelle + Devendra (ou Cabeludo como ela o apelida) ali ao lado ->


Tudo isto miragens. Até p'ra semana*

16.5.07

O YouTube é um vício!


Um dos melhores anúncios de sempre.



Se esta música não ganhou a Eurovisão... nada ganha :|


14.5.07

Cinema

(Não gostei. Tal como o livro, não me convenceu)


(Belo. Do princípio ao fim.
Não percebo porque não o vi antes.)


(Gostei muito. A mestria de Eça de Queirós
é sempre contagiante)


(actualização: o site d'O Mistério da Estrada de Sintra é interessante. Aqui!)

9.5.07

1095 - agora 1097

Três anos. As palavras são poucas para dizer tanto. Mas são 1095 dias, agora 1097.

Deixo outras palavras e outras músicas. Também minhas, também nossas.

Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um

- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum.

Eugénio de Andrade

5.5.07

.Queima 2007.


Mais uma queima! E desta vez com aulas o.O
Uma boa queima para todos.
Para os finalistas: 'até já'
Para os caloiros: 'bem-vindos'
A mim espera-me uma semana com álcool e pouco sono.

E, já agora, momento publicitário:
http://www.jpr.icicom.up.pt
Cobertura da Queima das Fitas do Porto 2007


30.4.07

Delicious Morissette



Enfim, lindo. Mad TV

28.4.07

O dia em que eu vi patinagem artística



Hoje, sem saber muito bem como, fui parar ao Campeonato da Europa de Show e Precisão de Patinagem Artística. Quer dizer, até sei porquê. Uma conjugação de falta de vontade de estudar com uma grande casualidade de estar à hora certa no local certo e com dinheiro no bolso. Além disso, sou muitas vezes movida pela ideia 'Quero ver de tudo, pelo menos, uma vez na vida (e principalmente com boa companhia *beijinho*)'. Por apenas 3 euros fui ver as provas de Precisão dos grupos séniores e juniores. E devo dizer que adorei. As coreografias feitas são belíssimas e há sempre lugares para surpresas (seja por meninas que tropeçam e caem, seja por claques espevitadas). Não sei quem ganhou mas eu espero que tenha sido uma equipa italiana com trajes à Heidi que se chamava Celebrity Skate, salvo erro. Além de ter sorrido muito e ter lançado muitos "aaaaah's", concluí também nesta tarde uma outra coisa: os Vangelis são pau para toda a obra. De todas as músicas saem coreografias. Giro.

E hoje estava a falar deste indivíduo. Aparentemente ele anima os Campeonatos do Mundo :x
Enjoy*




27.4.07

Férias de Verão


  • Acesso a 4 Festivais:
    • Super Bock Super Rock: 28 de Junho, 3, 4 e 5 de Julho;
    • Delta Tejo: 20, 21 e 22 de Julho;
    • Sudoeste TMN: 2, 3, 4 e 5 de Agosto;
    • Super Bock Surf Fest: 14 e 15 de Agosto;
  • Viagens de Ida e Volta desde qualquer ponto do país até às estações que servem os Festivais em comboios Regionais e Intercidades;
  • 1 Mochila da CP;
  • Associação grátis por um ano da Associação Juvemedia;
  • Assinatura grátis por um ano da revista BLITZ.

Uma mochila da CP já é minha! E tu, já tens a tua?

24.4.07

Ainda do Dia Mundial do Livro

'O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um número incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que só se sente por uma única mulher).'

A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera

21.4.07

[Faixa IV] Patrick Wolf . The Stars


Quinta-feira rumámos para Braga. As quatro entrámos no carro com expectativas altas. Tão altas que aquele camião quase não nos via.

Em todas as viagens tendo a aproximar-me de um dos meus alter-egos: o burrinho do Shrek. 'Já chegamos?', enquanto a música ritmada com ossos nos enfeitiçava. De olhos bem abertos, perdemos a saída e fomos ter a Barcelos. 20 minutos mais tarde chegávamos a Braga e estacionávamos o corcel azul perto de um Arco da baixa, lindíssima, da cidade.
Com poucos minutos para jantar, engolimos a comida e as vozes para apressar a corrida. Entramos no Theatro Circo a meio da Overture. E, não sei se pelos violinos, se pela beleza do teatro, sentei-me com a certeza que me esperavam momentos belos. Não me enganei.
O rapaz de 23 anos caminhava de calças de lycra tigradas e olhos fechados, embalado pelo violino que amparava sob o queixo. A seu lado um violino, um violancelo, uma bateria, um apple e um piano ainda vazio. Aquele rapaz alto enchia o palco de uma androgenia bélica (e bela) ao vencer com a sua música todos os receios que eu podia ter.
Adorei. Com a The Stars fiquei suspensa acima da cadeira e tive a certeza que pairei sobre o meu corpo. Na surpresa da Moonriver abracei a mão a meu lado e fechei os olhos com força. Sonhei.
No final, a Magic Position venceu. O luta bélica do violino deu a vitória às nossas pernas que se içaram dos lugares. Uma nova posição, em frente ao palco. 'Uma pequena rave intimista', como alguém dizia. Graças aos nossos ares dançantes, recebemos mais cinco músicas de encore. Tenho a certeza que ele vai voltar. Eu também vou voltar. Ao sair da sala olhei novamente para aquele candelabro enorme e sorri para ti.
No final, a Velha-a-Branca acolheu-nos. Trouxemos um sinal de trânsito e uma visão do veículo do Kit.

Agora, Patrick Wolf.

7.4.07

[Faixa III] A Naifa . Todo o amor do mundo não foi suficiente



todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve
[de nada. ficaram só
os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e
[da morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram
[suficientes e foram
demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como
[lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em
[cada instante, em cada hora,
não irei negar isso. não irei negar nunca que te amei. nem mesmo
[quando estiver deitado,
nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a amo
[antes de a foder.

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas


Saí do café com aquelas palavras na cabeça. 'todo o amor do mundo não foi suficiente.' Discordava e discordo. Para mim, todo o amor do mundo será suficiente para praticamente tudo. Mas aquelas palavras naquele livro envolviam-me, transportavam-me. Encaminhavam-me para casas desertas com chão velho e cheiro a mofo.
Entro no carro e ouço aquelas mesmas palavras cantadas. A Naifa fez-me parar o carro para pegar no livro que descansava no banco de trás.
E é isto que se ouve nesta música. Um poema de José Luís Peixoto, brilhantemente interpretado por uma das melhores bandas portuguesas dos últimos anos, na minha opinião. Noutro dia, enquanto esperava pelas notícias na TSF, ouvi um senhor bem ilustre de cujo nome já não me recordo (seria o maestro José Mário Branco?) que dizia que o fado era belo pela sua simplicidade e que não havia motivo para alterar a sua essência com outros tipos de sonoridades. Discordava e discordo. O fado é fado sempre. Mesmo com todo o tipo de arranjos, sentimos fado na voz, na guitarra, no ambiente. Aliás, esses arranjos até podem trazer público, modernizar, fazer a música evoluir. Daí que goste tanto d'A Naifa. Além da belíssima voz da menina Maria Antónia Mercedes, contam com o génio de Luís Varatojo e João Aguardela no baixo e na guitarra portuguesa, respectivamente, com letras incríveis e uma pós-produção fabulosa. Não diria que são o 'novo fado' porque isso não existe. Mas que são portugueses, ai isso são. E sabem o que fazem. Exemplarmente.

3.4.07

.de volta.



Sou capaz de já ter visto isto umas trinta vezes.
E rio-me sempre tanto *_*

24.3.07

.Praga.


Vou para Praga esta madrugada. Desejo ardentemente que esteja a nevar...
mas segundo as previsões vai estar sol. Fico triste!

Até p'ra semana (:


22.3.07

Ainda do dia da Poesia

ERAS NOVO AINDA

procuro-te no meio dos papéis escritos
atirados para o fundo do armário de vidrinhos
comias uvas no meio da página

a seguir era como se fosse noite
havia olhares que se cruzavam corpos
deambulações pela praia
era noite e alguém se aproximava

eu estava passeando os dedos
pelas nódoas frescas do vinho sobre a mesa o caderno
onde de quando em quando rabiscava um rosto
e listas de nomes que não queria esquecer

paguei o pão o vinho o queijo
levantei-me
tu cortaste-me a fuga vagarosamente preparada
pediste-me um cigarro

na outra página estávamos rindo
estendidos no pobre embarcadouro de madeira
planeávamos atravessar a noite mágica do rio

a página seguinte está em branco
mas lembro-me que te agarrei a mão e disse
todos os cigarros do mundo são para ti


al berto

11.3.07

[Faixa II] O trabalho dá preguiça


nova música: Devotchka - You Love Me

Na noite em que perdi a carteira...

deixei as palavras correr. Escorreram-me pelos lábios em direcção ao chão. Em queda. Curvei-me para apanhar cada letra e construí um discurso, uma história. Outra história.
Abandonei-me perto daquela árvore. Fiquei encostada nela durante muito tempo. Ouvi a pulsação, o éter da vida que tudo tem. Em harmonia, deixei o meu coração bater, antes de o espetar num ramo. Só aí fechei os olhos e respirei pela primeira vez.
deixei as palavras correr. O sangue escorreu pelos lábios em direcção a ti. Estavas de olhos fechados, ausente. Não me viste a esbracejar, a cortar o ar com gritos. Apertei-te a mão contra espinhos de rosas; apertei-te a mão contra o espigão da árvore; apertei-te a mão contra mim... e aí doeu mais. A ti.

deixei as palavras correr e agora escondo-me atrás do muro. Vejo uma flor, breve e serena, a nascer. É tímida ainda e não tem pressa de viver. Invejo-a. Sei que amanhã vou voltar aqui e vou encontrar outra mão, despida, desenquadrada deste jardim. Vai ser essa mão que vai plantar uma nova árvore para mim. Podar os ramos, escolher as sementes, levar-me ao hospital. Não vou ver luz porque não preciso. Não vou falar porque não tem sentido. Vou deixar as palavras correr, perder metade de mim, dançar contigo pela noite, roubar momentos que são meus e vou-me encontrar, mais tarde, ao virar da esquina. Quem sabe... talvez me dirija um olá. Ou, simplesmente, vou fingir que nem me vejo.

2.3.07

Love Phobia


Fui ao Fantasporto hoje ver um filme sul-coreano. Uns chamaram-me de louca, outras de crente. Eu achei que, provavelmente, teriam razão. Mas enganei-me. E eles também.
Love Phobia retrata uma história de amor que dura praticamente vinte anos, de uma forma sublime. Consegue ser, simultaneamente, cómico e dramático. Descreve uma criança que tem de usar uma gabardina amarela para prevenir que uma maldição que tem desde que nasceu alastre a todas as pessoas que conhece. Todos têm medo dela, menos um menino... E vem-se a descobrir, mais tarde, com os meninos mais crescidos, que a maldição era muito mais que isso.
(e veio tão ao propósito da eterna discussão das relações)

Se tiverem possibilidade, por favor, vejam. Não se vão arrepender.

Devo dizer que estou oficialmente inscrita na JPR e activa no JUP.

28.2.07

Sentimentos em cartas

Hoje, todo o dia, a mesma discussão: relações. O mesmo pensamento: Porquê?

Sei que não compreendo muita coisa. Não compreendo os círculos concêntricos que o impacto de uma pedra na água provoca. Não compreendo o facto de dar tanta importância à voz de cada pessoa. Também não compreendo a maioria dos seres humanos.

E nisto, eis que olho para ti e vejo-me. Sei que sou a pessoa com mais sorte do mundo por ter esta cumplicidade, esta entrega, este momento. Ter a certeza, a noção absoluta de que não te quero mal. De que tu não me queres mal. De que estou nua a teus olhos, pelas e perante as tuas palavras. Isso não me fere, não me enfraquece. De facto, é essa certeza que me torna forte, a par e passo.

Noutro dia falava de cartas. Cartas de amor, cartas à mão, com marcas de lágrimas e de romantismos falseados, com caligrafia desajeitada e um papel amarrotado. Sinto que as pessoas evoluíram como estas cartas. Tornaram-se electrónicas, fugazes, rápidas. Telegráficas, urbanas, realistas. Independentes, num só canal, numa só via, Maquiavéis de novos tempos.

Mas, afinal... não é o conteúdo que faz uma carta? E uma pessoa? E uma relação?

26.2.07

Momentos

Porto. 8 da noite.

A luz enfraquece, o dia cai. Nas minhas mãos, o teu toque. Na minha face, um sorriso partilhado. No meu pensamento, o dia quente, as novas descobertas, os novos objectivos. Olho a Torre dos Clérigos: O anúncio de cerveja que eu tanto abomino. Sorrio.

Nos meus ouvidos, Devotchka.

É incrível como a felicidade pode ser atingida através da harmonia de todos os sentidos.

Esta sou eu

e o meu nariz.

Com cabeleira a presa é facil / Há quem se esconda atrás dos pelos / Gosto do amor quando é difícil / De ser amada sem cabelos. //
Quero que me beijem a caveira / E o meu ossinho parietal / Que se afoguem na banheira
Pelo meu belo occipital

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