26.1.08

Let's make a band

1. http://en.wikipedia.org/wiki/Special:Random
The first article title on the page is the name of your band.


2. http://www.quotationspage.com/random.php3
The last four words of the very last quote is the title of your album.


3.
http://www.flickr.com/explore/interesting/7days/
The third picture, no matter what it is, will be your album cover.


You then take the pic and add your band name and the album title to it, then post your pic.

coisas giras e extremamente inúteis :> *contente*

22.1.08

Sophia de Mello Breyner: O Nome das Coisas

Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar.
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.

Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia de Mello Breyner Andresen

No mês de Dezembro a RTP2 ofereceu aos mais atentos uma prenda de extremo bom-gosto: Três documentários dedicados a "outros tantos nomes incontornáveis da literatura portuguesa". Herberto Hélder, Camilo Pessanha e Sophia de Mello Breyner Andresen foram os grandes visados. Apesar de ter perdido um (Camilo Pessanha) penso que posso afirmar que estes documentários foram dos trabalhos de maior qualidade que tenho visto ultimamente. Contaram histórias envoltas na beleza das palavras de cada um destes nomes e sempre com muito respeito pela obra.
Consegui "O Nome das Coisas" da Sophia. Aqui fica. Vale a pena ver e rever.

Realização: Pedro Clérigo
Produção: Panavídeo / RTP

18.1.08

"Também sou um ilegal" - Paulo Moura

Sou um ilegal. Por exemplo (e isto é uma confissão que faço publicamente pela primeira vez): numa escaldante noite de Agosto, peguei na moto, a minha saudosa Honda VFR 800 FI, e fui de Lisboa ao Porto a 280 km/h. Nem os radares me detectaram. (...)

Magdalene, uma menina de 16 anos, não tinha dinheiro para pagar, aos mafiosos como Karim, a travessia do Estreito e estava a morrer de febre tifóide numa floresta dos arredores de Ceuta. Como era muito boa aluna na Nigéria, acreditava que, mal chegasse à Espanha, teria uma bolsa do Governo para prosseguir os estudos. Quando lhe perguntei porque teria essa sorte, quando todas as outras nigerianas são obrigadas a prostituir-se, deu-me a resposta mais inteligente que eu ouvi em toda a minha carreira de jornalista: "Porque o meu Deus te vai usar a ti para me ajudar".
Eu decidi escondê-la na mala do carro, trazê-la para Portugal e tratar dela. Fui à fronteira investigar as probabilidades de sermos revistados e apanhados, congeminei planos e estratégias, mas decidi não a trazer. Abandonei a Magdalene.

O chefe da floresta, um nigeriano alto com ar de cowboy a quem chamavam o "Americano", fez-me prometer-lhe outro tipo de ajuda. Regressou à Nigéria e pediu-me por email que entregasse na embaixada uma carta de recomendação com um termo de responsabilidade e um convite para visitar Portugal. O "Americano" era um homem inteligentíssimo que, se tivesse realmente nascido nos EUA, seria um prestigiado professor ou advogado. Como nasceu na Nigéria, era o chefe da Mafia. Num outro email, mandou-me fotografias de duas estatuetas africanas do século XII A.C saqueadas num museu. Explicava que pertenciam à sua família e pedia-me que lhe encontrasse comprador. Seria o início da sua vida de homem de negócios em Portugal.
Pensei numa das tiradas Michel Houellebec: nós não odiamos os imigrantes por os considerarmos inferiores. Tememo-los porque achamos que são melhores do que nós.
E menti: escrevi ao embaixador português dizendo que o sr. M. Era um homem de bem e que vinha passar férias a minha casa. Se o plano do "Americano" para obter um visto resultou, cuidado: ele está aí a chegar!

Ao contrário de Magdalene, Aimee conseguiu atravessar. Mal desembarcou em Algeciras, a mafia enviou-a para Lisboa, onde se prostitui na praça do Intendente. Fui lá muitas vezes entrevistá-la, no âmbito dos meus trabalhos sobre imigração. Tornei-me amigo dela e das outras jovens nigerianas. Um dia, soube que ia haver uma grande rusga da Polícia e telefonei a avisá-las. "Aimee, fujam daí rapidamente, a Polícia vai prender todos os ilegais". Salvei-as.
Foi um dos dias mais felizes de que me lembro, confesso-o publicamente pela primeira vez.
Sou famoso no Intendente. Chego lá e um enchame de prostitutas negras corre a abraçar-se a mim: Paulô, Paulô! A Polícia pensa que sou um traficante disfarçado de chulo e deixa-me em paz.

Paulo Moura, Público, 2.4.06

Paulo Moura é um dos mais interessantes jornalistas portugueses. É um percursor do chamado jornalismo literário. Todos os seus escritos estão rodeados de cheiros, sabores, ritmos e vivências deliciosas.

Em Novembro entrevistei-o para um trabalho sobre a relação do jornalista com as fontes em campo de guerra. Durante duas horas ouvi-o com a atenção de uma criança. Fiquei petrificada com as histórias sobre o Iraque, sorri quando o meu gravador se tornou um obstáculo. Lembro-me de ele ter falado sobre o trabalho que tinha feito com os imigrantes. De afirmar, veementemente, que tinha sido mais perigoso, em determinadas situações, passar aqueles meses com eles do que estar em cenário de guerra.

Hoje, quando pela primeira vez peguei nos apontamentos para o exame de amanhã, deparei-me com este título. Ele disse-me, também, uma coisa engraçada. Hoje em dia toda a gente ignora a morte porque está longe e é noticiada de forma fria. Por isso é que ele experimenta (e lecciona) jornalismo literário.

Há um livro sobre os meses que ele passou com os grupos de pessoas que tentam passar para a Europa. Chama-se Passaporte para o Céu. Não vou tardar em comprá-lo.

17.1.08

O meu sexto andar


Clip pour "Sexto andar" du groupe portugais Clã.
Director : Laurie Thinot
Crew : Aurélie Pollet et Emilie Sandoval + guests
Production : Autour De Minuit - Nicolas Schmerkin

Uma canção passou no rádio
E quando o seu sentido
se parecia apagar
Nos ponteiros do relógio encontrou num sexto andar
Alguém que julgou que era para si em particular
Que a canção estava a falar

E quando a canção morreu na frágil onda do ar
Ninguém soube o que ela deu
o que ninguém
estava lá para dar

Um sopro um calafrio, raio de sol num refrão
Um nexo enchendo o vazio
Tudo isso veio numa simples canção

Uma canção passou no rádio
Habitou um sexto andar
(Carlos Tê)

Algures entre a voz da Manuela Azevedo, as palavras perfeitas do Carlos Tê e a leveza animada de Laurie Thinot reside um equilíbrio tão sereno e doce...

do domínio das palavras ou a vontade de escrever o Indescritível

O domínio das palavras é delas próprias. Repito isto incessantemente para não me esquecer. Não sou eu que as domino. Elas ganham cor, luz, movimento e corpo. São de carne e sangue, esgotam-se nas páginas e nas bocas das pessoas. Resistem nos ouvidos e perscrutam as meninas, dos olhos e dos homens, recordando tudo aquilo que escapa ao esquecimento. Mesmo que abandones as pálpebras consegues distinguir os contornos das palavras naquele escuro que pode não ser apenas preto se fechares os olhos com força.


Queria-te escrever mas acho que te prefiro pensar. O domínio das palavras não me pertence. E para te pensar não preciso de as usar. Percebes?

15.1.08

Boca de Cena: Teatro-Jantar

Menu
Sopa trágica
Espetada de vegetais baby
Arroz exótico em cama de abacaxi
Delícia de frutos suspensos
Café

Bolo da paixão

É uma sugestão que custa 20€ mas que proporciona uma experiência inesquecível. O Teatro de Marionetas do Porto comemora o vigésimo aniversário com uma festa dos sentidos. Aqui assiste-se a um teatro ajantarado ou antes a um jantar dramatúrgico nos claustros medievais do Mosteiro de São Bento da Vitória. Enquanto saboreias um copo de vinho branco és interpelado por uma marioneta "ké fró?". Pode-se fumar e falar ao telemóvel, conhecer a história do leitão da bairrada, ver a construção de uma marioneta, receber festinhas e deliciar-se com um novo método para chamar os empregados (bandeirinhas). É um teatro em que o público é actor. É um jantar de quase três horas onde, no fim, mantêm-se conversas animadas com os vizinhos e senhores avós corrompidos pelo vinho.
Vale muito a pena. Não se trata de uma peça de teatro em si mas de momentos únicos e de acordo com os vários momentos do jantar. A comida também é óptima e já não falo do vinho. Aumentaram as sessões até 3 de Fevereiro. Tem estado sempre esgotado, por isso, não percam tempo e vão ver!

A este propósito vejam a galeria de fotos do Público (20.12.2007 - Boca de cena: Teatro-Jantar)

Mosteiro de São Bento da Vitória
Até 3 de Fevereiro
Terça-feira a Domingo, 21horas

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