17.12.09

Falam, e à medida que vão ficando mais à vontade falam cada vez mais. Algumas têm uma energia transbordante. Podiam estar a fazer coisas lá fora, tal como bordam minuciosamente sem olhar para os dedos.
Depois, desaparecem dentro das burqas e parece que começamos a falar com um boneco. Elas desaparecem mesmo. Aquele pedaço de pano azul mexe-se e de lá sai uma voz abafada.
Escreveu Robert Byron em 1933, quando chegou a Herat, vindo da Pérsia: «De vez em quando um capuz de apicultor com uma janela no cimo atravessa a cena. Isto é uma mulher.»
Nos anos 70 podia haver afegãs de minissaia em Cabul, mas não era assim antes, nem era assim no resto do Afeganistão.
Ainda não encontrei descrição melhor para uma burqa. Um capuz de apicultor até aos pés.

Caderno Afegão
Alexandra Lucas Coelho

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