18.10.10

3.10.10

o primeiro livro que me ofereceste era do cesariny



voz numa pedra

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento

Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal



two people who identify as transgendered in bed




(* Aqui deve aparecer um vídeo. No Chrome funciona. É favor avisar a gerência caso se verifiquem anomalias)

12.8.10

A ler

Homossexuais no Estado Novo
São José Almeida



"Almeida traça a história da homossexualidade em Portugal entre 1912 (ano da Lei sobre a Mendicidade) e 1982, quando entra em vigor o novo Código Penal (de que foram eliminados os artigos 70º e 71º, referentes àqueles que "se entreguem habitualmente à pratica de vícios contra a natureza"). A autora mostra como a homossexualidade é a "sexualidade transgressora numa sociedade patriarcal", sublinhando dois eixos no contexto português: um referente à "diferença de classe social, a diversidade de tratamento para quem é das elites e das aristocracias do regime e para quem é do povo"; e outro relacionado com os não-ditos, os silenciamentos, a "inexistência de uma identidade" que permita uma noção de comunidade, "partilha de grupo", comum durante estes anos. Ouvindo um número considerável de testemunhas que contam, em primeira mão, as suas experiências vividas sob a ditadura, São José Almeida demonstra os dois pesos e as duas medidas do regime relativamente aos homossexuais (das elites e das classes baixas), tendo em conta como a "repressão e a exclusão social a que estavam votados no Estado Novo levavam a que a sua vivência - em que a sexualidade ocupa um lugar central, como em todas as pessoas - fosse relegada para uma semi-clandestinidade, uma espécie de submundo, muitas vezes identificados como os 'bas-fonds' e o crime."'


O terceiro sexo de Juchitán
Alexandra Lucas Coelho, em Juchitán

Foto: Um Shaul Schwarz/Corbis
















Um santo vinha com um saco cheio de gays, a distribuí-los por vários lugares. Em Juchitán o saco rasgou-se, eles caíram e ficaram todos ali. Esta é a lenda da cidade onde os gays são uma instituição, uma bênção e uma festa. Mas a violência está a chegar.

in Público, 09.08.2010

5.8.10

afinal, és como o vinicius



É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

"Dialética"
Vinicius de Moraes
+
Brian Labrecque

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