29.12.08

Os desenhos deles

Esta sou eu

na opinião de três dos meus sobrinhos.
Qual preferem?



Gabriel, três anos.
Gosta de abstraccionismo.


Carolina, quatro anos.
Realista, mas com potencial para Action Painting


Sebastião, nove anos.
Possivelmente, renascentista,
dado as minhas formas perfeitas e os meus olhos azuis.

28.12.08

curiosamente, acho que é o post 100

O blog mudou de cara.

EDIT: e voltaram (alguns) links

Comentários?

La Parade


*

Encerro no interior das pálpebras as imagens que insisto tactear.
Teimo em existir nas entrelinhas dos lábios que despejam promessas no chão.

Promessas ao chão.
Promessas de chão.
Desenho um cadeado inventado que disfarça a ausência da segurança dos teus braços.
Aqui diluo os perfumes e sabores que sempre foram meus.
Não acredito que a parada de emoções termine depressa.

Hoje toquei piano e todas as frases se tornaram
difusas, incoerentes, sem seguimento.

Só pontos finais.
(*Yann Tiersen ft/ Lisa Germano - La Parade)

27.12.08

"Merece tanto assim a tua vida?"

Tento abandonar-te no fim das escadas de cartão, em que fabricava partidas e destinos. Regresso à necessidade de criar palavras para contar estas quimeras ásperas e cruas, sem tradução narrativa, mas com tradição ocular. Hoje emudeci. Com o silêncio a sentir tudo isto. Um ditongo, preso na corda da língua, enrola e encaracola, chega baixinho neste sussurro que parte da pele e irrompe pelo íntimo torpor das tuas carícias. A janela do comboio não tem reflexo nem transparência. Quando duas mãos já se conhecem também não precisam de observações, ilações fugidias, jogos de cruza e descruza, de mói e remói, de aproximar ou distanciar. A janela do comboio continua sem reflexo. Com cada palavra a sentir tudo isto. Com cada dia a sentir tudo isto. Sabes que este cigarro, que tenta fumar o passado, arrepia, lembra, recorda. É penoso e duradouro. Questiona.

Será que mereces tanto assim a minha vida?

11.12.08

Se noutro dia, às 9 horas da manhã, estava sozinha na redacção, hoje, às 10 horas, estava num cemitério.

10.12.08

Spam porno-humorístico

Já tinha ouvido falar de um género de spam porno-humorístico no Womenage a Trois, mas nunca tinha prestado uma verdadeira atenção ao meu e-mail da faculdade. Hoje, tudo mudou. Resolvi, antes de apagar, ler realmente estes e-mails. E há de tudo. Há "jogadores português bem conhecidos como João Pinto e Pauleta bêbados no bar e dançando no balcão". O Sócrates, que "na sua juventude estuprou uma aluna". Também há "sexo inverossimelmente desenfreado" e "alunas portuguesas únicas no seu género". O melhor, só mesmo as "gargantas e traseiras que gemem como carroças rangentes nas ruas de Lisboa".

Ver tudo (isto é, o Print Screen :x) aqui



6.12.08

No escuro, a mão

"O meu coração é uma pista. Uma pista de carrinhos de choque. Ele é mais uma corrida mais uma viagem. Mais uma corrida, mais uma vertigem. Dá-se bem com solavancos. Dá-se bem com travagens e acelerações. Precisa de andar aos encontrões. O meu coração, colado ao chão, está lançado numa corrida desenfreada. O meu coração corre em busca de outros corações. E ele é PIM PAM PUM ZÁS CATRAPÁS e PUMBA e PIMBA. Sempre colado ao chão. O meu coração não voa. Ele rasteja. Mas rasteja depressa."
Regina Guimarães

1.12.08

Dream is Destiny

"Se fôssemos, por exemplo, papa-formigas, a senhora e eu, em lugar de conversarmos um com o outro neste ângulo de bar, talvez que eu me acomodasse melhor ao seu silêncio, às suas mãos paradas no copo, aos seus olhos de pescada de vidro boiando algures na minha calva ou no meu umbigo, talvez que nos pudéssemos entender uma cumplicidade de trombas inquietas farejando a meias no cimento saudades de insectos que não há, talvez que nos uníssemos, a coberto do escuro, em coitos tão tristes como as noites de Lisboa, quando os neptunos dos lagos se despem do lodo do seu musgo e passeiam nas praças vazias ansiosas órbitas ferrugentas. Talvez que finalmente me falasse de si. Talvez que atrás da sua testa de Cranach exista, adormecida, uma ternura secreta pelos rinocerontes. Talvez que, palpando-me, me descubra de repente unicórnio, a abrace, e você agite os braços espantados de borboleta cravada em alfinete, pastosa de ternura. Compraríamos bilhetes para o comboio que circula no Jardim, de bicho em bicho, o seu motor de corda, evadido de um castelo-fantasma de província, acenando de passagem à gruta de presépio dos ursos brancos, tapetes reciclados. Observaríamos oftalmologicamente a conjuntivite anal dos mandris, cujas pálpebras se inflamam de hemorróidas combustíveis. Beijar-nos-íamos diante das grades dos leões, roídos de traça como casacos velhos, a arregaçarem os beiços sobre as gengivas desmobiladas. Eu afago-lhe os seios à sombra oblíqua das raposas, você compra-me um gelado de pauzinho ao pé do recinto dos palhaços, bofetadas de sobrancelha para cima que um saxofone trágico sublinha. E teríamos recuperado dessa forma um pouco da infância que a nenhum de nós pertence, e teima em descer pelo escorrega num riso de que nos chega, de longe em longe e numa espécie de raiva, o eco atenuado."


(in Os Cus de Judas, António Lobo Antunes)



Grails - Silk Rd

9 da manhã, sozinha na redacção

Feriado. 9 horas da manhã.

Sozinha na redacção.

Podia fazer uma corrida de cadeiras, mas prefiro ouvir Grails.

Sem phones. wow

Este fim-de-semana o meu sobrinho agradeceu-me o postal que lhe enviei por correio ao convidar-me para jogar à Batalha Naval com ele.

Depois estive a fazer os trabalhos de casa com outro sobrinho. Aprender a ler e a contar.

"Cê Há lê-se QÁ quando não tem cedilha, Mateus. Não, quatro mais cento e onze não dá cinco."

E agora lembro-me. Tenho de digitalizar os desenhos deles.

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