31.12.09

De 2009 para 2010

Dias esquecidos um a um, inventa-os a memória.
Profundamente se levanta uma bilha vazia.
Nem o peso nem a leveza nos embriaga.
O perfume a vinho, sim, uma
concavidade do sono. Os dias maciços que se
modelaram. Ou as luzes à volta do barro
onde ficam os ciclos curvamente
ligeiros.
As bilhas ao alto, entre os ombros, contra
a cara amarga, estremecendo com o sangue dos braços
e da cara. Plenas como dias enormes,
acabados. Que são agora imagens fabulosas, mútuas
translações - o escuro em torno dos espelhos vazando de uns
para os outros a sua vida
clara.


Herberto Helder
Ou O Poema Contínuo
2004

Um comentário:

Scarlett disse...

:) que bonito. Tenho de ver onde coloquei o livro dele.*

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